domingo, 25 de julho de 2010

Take 1

numa tarde entediante
parei na frente da vitrine
para olhar um brinquedo
que não via há tempos

me sentia estranha
voando ao passado
como um pássaro
na contramão

mas o som da buzina afasta as sombras,
e mordo um chiclete inocente
vendo que nem tudo está perdido,
nem tudo é torpor e nostalgia
porque a cena acaba de ficar dourada
com ele me chamando, com voz de música folk

quando a noite cair
vamos subir no topo daquele prédio em construção
enquanto os outros dançam e acendem suas fogueiras
e vamos ficar lá, sentados, contra o vento

e eu vou saber, sem ouvir uma palavra
que eu sou seu reflexo nesse espelho torto
eu sou ele do avesso e sem conseguir explicar
ele me ama e muito

Corta.