sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Hiato criativo

Um dia bate, assim, inesperado, à sua porta, esse tal hiato criativo.

Você lê e não obtém respostas do próprio cérebro.

Fica esperando, esperando, esperando, incansável.

Mas a idéia simplesmente não vem.


Ela não vem.


Você passa a decepcionar seus antigos leitores, pai, mãe, irmã, amigos.

E o pior: decepciona a si mesmo.

Cadê o antigo escritor que morava na bela rua cheia de flores dentro de você?

Não mora mais? Se mudou para uma rua vazia e escura?



Será que ele volta?

...


Por Samya, quem o hiato criativo conseguiu aprisionar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

AI SE SESSE




Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se jutim nóis dois vivesse
Se jutim nóis dois morasse
Se jutim nóis dois drumisse
Se jutim nóis dois morresse
E se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insintisse
Prá que eu me arresouvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Távez que nóis dois ficasse
Távez que nóis dois caisse
E o céu furado arriasse
E as virgem todas fugirsse


(Zé da Luz)


.

.Cabra macho cangaceiro e apaixonado é um perigo!




"- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um...
- Mas é preciso esperar...
- Esperar o quê?
- Que o sol se ponha.
Tu fizeste um ar de surpresa, e, logo depois, riste de ti mesmo. Disseste-me:
- Eu imagino sempre estar em casa!
De fato. Quando é meio dia nos Estados Unidos, o sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr-do-sol. Infelizmente, a França é longe demais. Mas no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas...
- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!
E um pouco mais tarde acrescentaste:
- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...
- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?
Mas o principezinho não respondeu."

(Por Antonie Saint-Exupéry, em 'O pequeno Príncipe')

Eu ganhei esse livro da minha mãe quando tinha uns 8 ou 9 anos. Infelizmente algum amigo de infância bem bacana levou meu livro para passear e nunca mais trouxe de volta. E semana passada eu senti saudades do livro e decidi comprá-lo. Acho o livro fofo do início ao fim e por uma coincidência, nessa semana eu estava bem contemplativa, introspectiva e o meu compromisso favorito do dia era ver o pôr-do-sol da janela do meu quarto.

Um professor de fotografia certa vez me disse que em concursos de 'melhor fotografia' as primeiras a serem deixadas de lado ou marcadas para uma segunda análise são as que registram o pôr-do-sol. Concordo, com espetáculo desse o fotógrafo nem precisa ser muito bom para capturar uma imagem fantástica.

Sim, eu estava triste na semana dos pores-do-sol na minha janela.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Wake up! Break the rules! Rock the boat! Make love! Fall over laughing!


Estou doente, e conseqüentemente passo meus dias deitada no sofá assistindo TV. Graças a Deus tenho TV a cabo, já não é uma grande variedade de programação, como quem tem Tv a cabo está cansado de saber. O que eles mais fazem é repetir programação e quando mais queremos assistir alguma coisa já vimos tudo que está no ar.
Porém nesses dias tenho tido a sorte de assistir filmes incríveis. E Descalços no Parque foi um deles.
É um filme de 67 com Jane Fonda e Robert Redford. Eles interpretam um casal recém casado que se muda para um apartamento micro em NY. Jane é uma jovem à procura de coisas novas e aventuras e Robert é mais conservador e centrado em sua carreira de advogado. Jane resolve chamar a mãe para um "blind date" com o vizinho de cima. Um cara totalmente excêntrico. A partir daí pode-se esperar muita confusão, e muitas gargalhadas.
Adorei e recomendo, entrou pra minha lista de favoritos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Campo de Estrelas

a viagem à europa não foi apenas um desejo,
mas a imperativa vontade de uma mente curiosa
e a ânsia por uma nova e mais rarefeita atmosfera

por isso, ao chegar à cidade antiga,
respirei profundamente,
reinventando-me com nova cultura e novos hábitos
como se eu tivesse estado ali desde sempre.

e assim dias e noites de descobertas foram passando
e aos poucos, fui esquecendo do exato caminho de volta,
tornando-me parte dos jardins, das fontes e dos cafés

até que uma balada boba, numa tarde ordinária, me fez lembrar
da imperativa vontade, da ânsia
por uma nova e mais rarefeita atmosfera
e agora que a encontrara,
não respirava da mesma maneira

e a mudança que me fez viajar tão longe,
tornou-se a razão da minha angústia
a luz ainda brilhava naquela tarde,
mas começava a brilhar de maneira triste
e foi isso que me fez sair de casa
e procurar pela motivação de estar ali

foi quando eu o encontrei, cercado de gente, numa rua estreita,
dançando sob o aplauso dos anônimos, brilhando sob uma luz pálida
o prazer formando labaredas naquele rosto jovem e sorridente.

e por um momento, aqueles olhos em ebulição
me enxergaram, piscaram pra mim,
com um sorriso oblíquo que inexplicavelmente reconheci
e percebi que todos os encontros
se tornavam estranhamente possíveis
quando histórias fantásticas
brotavam num campo fértil de estrelas.