sábado, 7 de julho de 2007

Sobre Cinema



A candura de “Peixe Grande”;
A excelência de “Dr. Fantástico”;
A importância de “Cidadão Kane”;
A astúcia na “Última Noite de Boris Grushenko”;
A sanidade de “Quero Ser John Malkovich”;
A dor de um “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança”;
A esperteza do “Sentido da Vida”;
A malícia de “De Olhos bem Fechados”;
A bizarrice de “Rushmore”;
O ritmo de “ La Nave Va ”;
A elegância “Do Inferno”;
O misterio do “Enigma de Kasper Hauser”;
A dificuldade de “Adaptação”;
O carisma dos “Excêntricos Tennenbauns”;
A vingança de “Lolita”;
A víscera de um “Réquiem Para um Sonho”;
A loucura de “Trainspotting”;
A incrível “Vida de Brian”;
O segredo de “Pi”;
O conforto do “Diário de Briget Jones”;
O sonho de “Orgulho e Preconceito”;
A desenvoltura do “Dorminhoco”;
O medo do “Parque dos Dinossauros”;
O desconhecido “Donnie Darko;”
O sorriso de “Pequena Miss Sunshine”;
A angústia de “O Iluminado”.


E todos os outros adjetivos de grandes filmes que, por hora, eu esqueci.

sexta-feira, 6 de julho de 2007



Atenção: este texto era duas vezes maior do que aparecerá aqui, e eu resolvi cortar o início, que falava sobre a vida aos 15 anos, e passar direto para o "hoje".

Quando se tem 15 anos, os sonhos são grandes, as expectativas maiores ainda. Almeja-se chegar aos 18 logo, para poder dirigir. Espera-se já ter ingressado na faculdade, onde todos os garotos são lindos, e as festas enormes e maravilhosas, como nos filmes americanos.

(...)

Quando se tem 15 anos, sonha-se em ser um jurista famoso, modelo internacional, ator, astronauta. A maior ilusão é a de que a faculdade será a coisa mais maravilhosa do mundo, e que até lá já se tem certeza do que se quer.
Chegando aos 18, dirigir perde a graça; não se sabe o que se quer da vida; e a faculdade é, na grande maioria das vezes, frustrante. Os sonhos diminuem até se tornarem coisas tangíveis – passam, por exemplo, de “ser um cientista” a “ser aprovado em cálculo B” – e os garotos são só garotos, não mais homens lindos, galãs.
Sair no final de semana é algo comum, não existe a parte divertida da mentira inocente, falsificação de carteira de identidade para entrar em boates, aquela adrenalina toda.
Beber nem tem mais graça. Às vezes a situação é tão triste que se chega ao ponto de nem querer sair por estar cansado das provas, das noites viradas estudando anatomia, das tardes intermináveis em pé no laboratório quente e com cheiro enjoativo.

Os pais querem que os filhos se formem logo e tenham um emprego bom – o que será praticamente impossível no início da carreira (e se sonha sair da faculdade ganhando 5mil reais por mês, quando se tem 15 anos) – os amigos foram estudar longe, o ‘amor’ adolescente já nem existe mais.

Finge-se que isso tudo é mentira, tenta-se achar argumentos... Mas todos são inválidos. Mente-se pra si mesmo que “a faculdade é só um pedaço da grande estrada para o sucesso”, tenta-se enfiar na cabeça que ter liberdade é muito melhor, e blá blá blá...
A realidade é que o mercado de trabalho atual é uma merda; a liberdade, quando alcançada, é uma merda; não precisar implorar vinte reais para os pais é uma merda. Tudo perde a graça, consequentemente, tudo é uma merda.


Quando você fizer 18 anos lembre-se: ainda existem montanhas-russas, tobogãs e muito chocolate. Eu, se fosse você, fingiria, de vez em quando, ter 15 anos de novo.
Vale até esquecer o RG em casa e ter que falsificar um.


Samya, que teve coragem de largar a vida e começar de novo, academicamente falando.

Email recebido ontem


E aí pessoal!
Dei uma sumida, estou completamente por fora do que está rolando no blog mas hoje, 5ª feira, é dia de TOP 5 right??
Se for estou mandando o meu
Beijos e abraços

TOP 5 - Músicas irritantes que tocam na rádio
1 - Papas da Língua - Lua Cheia/Fica Doida
2 - Fergie - Big Girls Don't Cry
3 - Jojo - Too little too late
4 - Hillary Duff - With Love
5 - NX Zero - Razões e Emoções


Matheus

Nota da editora: Pois é, o Matheus está realmente por fora do que está rolando por aqui. O Top 5 não tem mais dia específico e agora cada um defende o seu que será publicado sozinho, como o dele que está publicado nesse post sem companhia alguma. Tá, a minha nota de rodapé não vale, minha gente

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Emprego como patente da moral do homem contemporâneo


Quem vos fala é um boêmio vagabundo, alocado nessa posição por decisão própria, na qual é implícita a escolha de buscar um trabalho digno, que executaria com vontade, paixão e por necessidade de sobrevivência, claro, ao invés de aceitar o emprego mais próximo e financeiramente mais vantajoso.

Essa fala pode fazer refletir alguns poucos trabalhadores e incomodar furiosamente muitos empregados. Os afogados no emprego estão pensando – Com que repertório um vagabundo tem a ousadia de tagarelar sobre minha atividade para ganhar dinheiro? – Pois digo que esse repertório só é possível graças ao crucificado ócio que muitos classificam como não digno.

Ah! Essa parte merece algum destaque, pois foi com o disponível ócio que o autor conseguiu estudar e passar no vestibulinho, e posteriormente no vestibular, que o possibilitou cursar o ensino superior; e foi lá, lugar que assistiu às aulas da prazerosa disciplina de Teoria Geral dos Sistemas onde aprendeu que o ócio, juntamente com o fogo, possibilitou que o homem chegasse a ter sua capacidade intelectual atual de pensar e questionar.

Foi também através da disponibilidade do ócio que o autor pôde produzir esse texto, e é assim que ele utiliza parte de seu tempo livre; abrangendo sua capacidade de pensar; de raciocinar; de questionar e crescer.

Outra habilidade que o ócio pode proporcionar é a capacidade de usufruir e direcionar um olhar acadêmico até mesmo para lugares mais descontraídos, como é o caso desse espaço em que o texto está sendo publicado.

Enquanto sua prioridade de trabalho que será também sua atividade para ganhar dinheiro, seu emprego, ainda não é alcançada, pois testes futuros serão necessários para conquistar tal desejo, o autor sente-se na obrigação de absorver e criar algo que o faça crescer a alma e o intelecto, dele e das pessoas que o cercam também, isso almeja ao criar esse texto.

Pois bem, caro colega, agora pergunto: Como utiliza o teu tempo livre, o teu ócio? Não posso adivinhar tua resposta, mas posso relatar o cenário: centros comerciais lotados e centros culturais vazios. Imagino também que alguns vão me dizer que não possuem tempo, pois o emprego e as atividades cotidianas o tomam por completo.

Então digo como faz um vagabundo pensador: ele sobrevive priorizando os valores humanos ao invés das atividades comerciais (já que vagabundo não tem dinheiro pra gastar) além de perceber que o tempo está cada vez mais curto (ou o volume de informação e atividades é que aumenta) até mesmo para desempregados – tal pensamento não é complexo, mas exige tempo ocioso para ser formulado. Assim, deixo vagar a pergunta: Qual a tua prioridade?

Para terminar, devo explicitar que meu objetivo através dessa reflexão é exaltar o orgulho de quem trabalha; não degradar o de quem tem emprego. Penso que tal orgulho deve existir e faz parte da natureza do homem, mas o “mal de brasileiro” é querer obter vantagem de tudo, até mesmo de sua condição, e isso não pode acontecer, pois deveríamos nós todos ter vontades, diferenças, deveres e direitos preservados.

(Texto dedicado aos cidadãos da classe média e aos acima dela, orgulhosos da sua condição e aos playboys que simulam trabalho estando empregados na empresa do pai)

quarta-feira, 4 de julho de 2007


Antes eu tinha três teorias de como criar filhos. Hoje eu tenho três filhos, e nenhuma teoria.


Alguém muito sábio disse isso. Eu não vou me lembrar agora.
Mas é fato, antes de ter filhos, a gente cria teorias de o que irá fazer e do que não fazer, do que é certo e do que é errado. Ilusão.

Quando eu engravidei, eu tinha 18 anos, e falava aos 4 cantos do mundo que ia fazer com a minha filha o contrário do que foi feito comigo. Iria deixar minha filha dormir a hora que quisesse, comeria o que quisesse, nada de imbecilizar a coitadinha com papai-noel e coelhinho da páscoa. Rosa? Nem pensar, o enxoval da Luana foi verde.
Aí ela nasceu. Linda, pequena, frágil, uma menina.

A primeira quebra das minhas próprias regras foi a chupeta. Talvez a regra do mundo é não dar chupeta pra bebês, mas quando você tem 18 anos, é 3:30 da manhã e seu bebê chora incontrolavelmente e você não sabe o que fazer, aí descubre que passar o bico da chupeta no pó de funchicória (uma mistura de erva-doce com chicória) tem um efeito calmante imediato e te rende algumas horas de sono. E ainda ajuda a aliviar cólicas!
Reação mais sensata: olá chupeta, seja minha amiga. Ou senão você vai enlouquecer antes de chegar aos 20. (Sabia que falta de sono pode causa, a longo prazo, obesidade, distúrbios gastro-intestinais e perda crônica de memória?)

Antes de completar três anos, a Luana já esperava o papai-noel, já esperava o coelhinho da páscoa e tinha um guarda-roupa em rosa degradê. A coisa mais linda do mundo foi o aniversário de um ano dela, da Minnie princesa. Minha casa toda rosa.

O triciclo dela é rosa, suas bonecas só têm roupas rosas. Rosa é definitivamente a cor das meninas. Mudei de opinião, e minha teoria foi pro espaço antes dela completar 6 meses.

Uma vez eu assisti “Supernanny” (podem rir, mas esse programa é super útil pra quem tem filhos) e a vi afirmar mais de uma vez que crianças precisam de regras, de rotinas e de horários severos. Que crianças que crescem sem isso, se tornam inseguras e agressivas. Antes a Luana acompanhava meu horário louco, de dormir às 5 da manhã e acordar às 2 da tarde. Isso chega a ser uma agressão a uma menina de dois anos.
Não pude fugir mais aos horários certos e comidas nutritivas.

Não pude fugir daquele castigo que é sentar e usar a psicologia (barata) que arroz e feijão são dois amiguinhos que se adoram e não podem ficar separados, porque comer arroz e feijão é importante.

Tenho sorte, por ela ser ótima pra dormir, de deitar e dormir sozinha.
Adeus horários loucos. Agora, se eu for dormir às 4 da manhã, azar o meu, às 8 ela vai até meu quarto e diz que não quer mais ficar na cama.

Hoje, Luana tem 4 anos, sua mochila é da meninas super-poderosas, assim como sua lacheira. Sua pasta-de-dente é da barbie, assim como sua escova-de-dente. Seu brinco é da Hello Kitty. Sua bucha de tomar banho é do Bob Esponja.
Ela assiste ao filme ”Barbie e as 12 princesas” diariamente. Alguém acha que ela liga pro “Bernardo e Bianca” (o filme da minha infância) que eu gravei com toda a emoção?
Meus olhos enchem de lágrimas quando ela chega da escolinha, dizendo que fez aula de balé e dança uns passinhos pra eu ver.

Não adianta tentar mudar.
Você pode ter um autorama, uma coleção dos comandos em ação, ter uma caixa de brinquedos com o desenhos do Batman. Você pode ter jogado futebol na rua, pode ter andado de skate na puberdade, mas até os seis anos, o destino das meninas é ter uma infância rosa.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Entrada:

Não vou escrever sobre o Kings of Leon, talvez vire lenda.
Achei contos que escrevi há muitos anos atrás, são bonitinhos, quase que pra exercitar a aliteração, mais legais do que qualquer coisa que eu pudesse escrever hoje.


Prato Principal:


Era uma vez uma caixa forrada de veludo roxo. Ela estava fechada com um laço verde. A caixa não era grande nem pequena, era uma caixa. Embaixo do laço verde havia uma fechadura dourada de ferro, mas a chave ninguém viu.

Uma caixa sem chave para abrir a fechadura é um lixo de caixa. Várias pessoas tentaram abri-la à força, mas não deu certo. O bicho da caixa tentou abrir por dentro, mas não conseguiu também. Ele tinha a chave lá dentro, mas não se abrem trancas por dentro.

O bicho ficou triste porque estava preso na caixa, até que um dia ele resolveu que não queria sair dali porque o mundo lá fora devia ser muito chato.

Depois de muito tempo chegou um homem e conversou com o bicho, e disse que o mundo lá fora não era chato não, era cheio de coisas legais, mas o bicho não acreditou. Mesmo assim, o homem foi com jeitinho e pôs só um dedinho dentro da caixa e achou a chave. Abriu a caixa e não deu outra: o bicho se apaixonou e o homem ficou bichado. Fim.

Nota da editora: O outro conto da Micó ficará para próxima vez. Aguardem...


Sobremesa:

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Você sabe do que estou falando...


Você sabe muito bem do que eu estou falando!

Sei?

Por que as pessoas sempre acham que você sabe do que elas estão falando?

Caralho! Não faço a menor porra da idéia do que você está falando. Dentre o seu universo de nóias e coisas negativas, entre um milhão de possibilidades de enxergar o mundo, por que teria eu a obrigação de enxergá-lo como você? Isso, só para que ter certeza absoluta do que você está falando. Já parou pra pensar sobre isto?

Não, não senhor. Pode ir parando com esse papinho, você sempre faz isso.

Isso o quê?

Isso que você faz. Que nem aquele dia que voltávamos da casa da Marcela, você fez a mesma coisa, exatamente a mesma coisa.

Como se pode fazer uma coisa que não sabe nem o que é? Como repetir o erro ou algo desagradável, quando inexistente? Me diz!

Tá vendo? É disso que eu estou falando, e você diz que não sabe.

Você que tem essa mania de achar que eu sempre sei do que você está falando, que o mudo tem a obrigação de sabê-lo também, e que estamos todos errados por conta disso. Eu, você e o mundo.

Há, vai dizer que você não sabe.

Sabe do que eu tenho mais medo?

Do que?

Só tem uma frase sua que me faz temer mais que esse troço de “Você sabe do que eu estou falando!”.

Ah é? E qual é?

É a maldita: Você não vê nada de diferente em mim!? ...(pausa dramática)...Viu? Tenho certeza que você sabe do que eu estou falando.

Depois disso, foram cinco minutos de silêncio ininterrupto na mesa da lanchonete. Camila dobrava guardanapos, e Carlos fumava olhando a chuva que caía lá fora, até que alguém na mesa ao lado quebrou o silêncio com um canudo: chupou rápido todo o líquido de coca num copo cheio de gelo, que gritou.