domingo, 7 de outubro de 2007

Transgredindo e vivendo


Logo que nascemos, damos o primeiro choro que marca o início de nossas vidas fora do útero materno, e sem sabermos somos automaticamente inseridos numa série de regras e convenções sociais que todos seguem, muitos sem nunca questionar ou se perguntar a razão de existirem. Talvez se nascêssemos com a consciência deste fato nosso choro seria mais doloroso e prolongado.
Não comer biscoito antes do almoço, dormir antes das 22 horas, não responder pai e mãe, ir para escola, estudar para prova para passar de ano, acreditar numa religião, votar obrigatoriamente nas eleições, fazer vestibular, trabalhar, casar e formar uma família... Vamos seguindo nossas vidas num curso que a sociedade prega ser o correto e muitas vezes sofremos e nos esforçamos para alcançar algo que nem ao menos sabemos se é o que queremos para nós mesmos. No entanto, toda essa alienação social proporciona uma das sensações mais maravilhosas que podem ser experimentadas em vida: romper as regras.
É algo completamente satisfatório e pleno, que melhor traduz o estado de liberdade e para poder vivenciar esses momentos toda uma vida pode ser justificada. A diretora mala do colégio fala que é errado, a Bíblia condena, geralmente existe alguma forma de castigo implicado no processo, mas isso tudo torna o ato de transgredir ainda mais emocionante e satisfatório. É o nosso ser, nossa vontade se manifestando acima de qualquer obstáculo, uma prova que conseguimos alcançar a felicidade se não nos reprimirmos e mantermos a mente aberta.
Em tempo: tenho vontade de quebrar com um soco o vidro que dispara o alarme de incêndio do prédio, de roubar o DVD que está tão caro na loja, de sair do bar sem pagar a conta, de ir para a aula de pediatria bêbado, de passar com um trator por cima de todos os carros no engarrafamento, de casar sob o som de “Sympathy for the Devil” dos Stones. Tudo isso pode parecer estúpido ou desnecessário, mas quebra a rotina, renova o destino, uma forma de arte em forma de ações.
Essa força é o que inspira as crianças a mentir, os alunos a colar, os padres a transar, os políticos a roubar, os rockstars a se drogar, as esposas a trair, enfim, um tempero essencial para nossas vidas.

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