quarta-feira, 4 de julho de 2007


Antes eu tinha três teorias de como criar filhos. Hoje eu tenho três filhos, e nenhuma teoria.


Alguém muito sábio disse isso. Eu não vou me lembrar agora.
Mas é fato, antes de ter filhos, a gente cria teorias de o que irá fazer e do que não fazer, do que é certo e do que é errado. Ilusão.

Quando eu engravidei, eu tinha 18 anos, e falava aos 4 cantos do mundo que ia fazer com a minha filha o contrário do que foi feito comigo. Iria deixar minha filha dormir a hora que quisesse, comeria o que quisesse, nada de imbecilizar a coitadinha com papai-noel e coelhinho da páscoa. Rosa? Nem pensar, o enxoval da Luana foi verde.
Aí ela nasceu. Linda, pequena, frágil, uma menina.

A primeira quebra das minhas próprias regras foi a chupeta. Talvez a regra do mundo é não dar chupeta pra bebês, mas quando você tem 18 anos, é 3:30 da manhã e seu bebê chora incontrolavelmente e você não sabe o que fazer, aí descubre que passar o bico da chupeta no pó de funchicória (uma mistura de erva-doce com chicória) tem um efeito calmante imediato e te rende algumas horas de sono. E ainda ajuda a aliviar cólicas!
Reação mais sensata: olá chupeta, seja minha amiga. Ou senão você vai enlouquecer antes de chegar aos 20. (Sabia que falta de sono pode causa, a longo prazo, obesidade, distúrbios gastro-intestinais e perda crônica de memória?)

Antes de completar três anos, a Luana já esperava o papai-noel, já esperava o coelhinho da páscoa e tinha um guarda-roupa em rosa degradê. A coisa mais linda do mundo foi o aniversário de um ano dela, da Minnie princesa. Minha casa toda rosa.

O triciclo dela é rosa, suas bonecas só têm roupas rosas. Rosa é definitivamente a cor das meninas. Mudei de opinião, e minha teoria foi pro espaço antes dela completar 6 meses.

Uma vez eu assisti “Supernanny” (podem rir, mas esse programa é super útil pra quem tem filhos) e a vi afirmar mais de uma vez que crianças precisam de regras, de rotinas e de horários severos. Que crianças que crescem sem isso, se tornam inseguras e agressivas. Antes a Luana acompanhava meu horário louco, de dormir às 5 da manhã e acordar às 2 da tarde. Isso chega a ser uma agressão a uma menina de dois anos.
Não pude fugir mais aos horários certos e comidas nutritivas.

Não pude fugir daquele castigo que é sentar e usar a psicologia (barata) que arroz e feijão são dois amiguinhos que se adoram e não podem ficar separados, porque comer arroz e feijão é importante.

Tenho sorte, por ela ser ótima pra dormir, de deitar e dormir sozinha.
Adeus horários loucos. Agora, se eu for dormir às 4 da manhã, azar o meu, às 8 ela vai até meu quarto e diz que não quer mais ficar na cama.

Hoje, Luana tem 4 anos, sua mochila é da meninas super-poderosas, assim como sua lacheira. Sua pasta-de-dente é da barbie, assim como sua escova-de-dente. Seu brinco é da Hello Kitty. Sua bucha de tomar banho é do Bob Esponja.
Ela assiste ao filme ”Barbie e as 12 princesas” diariamente. Alguém acha que ela liga pro “Bernardo e Bianca” (o filme da minha infância) que eu gravei com toda a emoção?
Meus olhos enchem de lágrimas quando ela chega da escolinha, dizendo que fez aula de balé e dança uns passinhos pra eu ver.

Não adianta tentar mudar.
Você pode ter um autorama, uma coleção dos comandos em ação, ter uma caixa de brinquedos com o desenhos do Batman. Você pode ter jogado futebol na rua, pode ter andado de skate na puberdade, mas até os seis anos, o destino das meninas é ter uma infância rosa.

Nenhum comentário: