terça-feira, 19 de junho de 2007

O ANEL (parte 1/20)



Samanta era uma jovem de 23 anos, filha de pais cariocas, que tinha se mudado para São Paulo há dois anos, por ter se casado com Felipe, que tinha 25 anos e era um contador recém formado. Ele havia nascido em São Paulo e era um homem forte e decidido. Moravam perto do centro.

No verão do terceiro ano de casamento, foram às Bahamas, pois Felipe estava ganhando muito dinheiro e queria aproveitar os “anos dourados do matrimônio”, como seu pai havia ensinado. Lá, ele deu a Samanta um anel que havia comprado na praia de uma velha feiticeira. O anel era lindo! A base era de uma madeira quase preta, e tinha um brilhante azul-água incrustado, em forma de cobra. Era difícil acreditar que alguém realmente tivesse conseguido esculpir tal coisa, e mais ainda, que alguém tivesse tido dinheiro para comprá-lo.

Samanta adorou. Sempre usava o anel. O prezava mais que a própria aliança. Mudaram de casa e de posses, compraram melhores, mas Samanta sempre com o anel, afinal, era a prova do amor eterno de Felipe por ela, como ele bem havia dito.

Cinco anos depois de ter ganhado o anel, começaram a ter sérias dificuldades financeiras, porque nos anos em que havia ganhado dinheiro, Felipe gastou-o frivolamente, e agora, com a crise, ninguém se dispunha a gastar com serviços como os dele. Samanta se viu obrigada a trabalhar. Nunca o tinha feito porque era uma dedicada dona-de-casa, coisa que ela amava. Não tinham empregada por escolha própria, e ela se deliciava cuidando da casa e dos dois lindos filhos que havia tido. O mais velho tinha sete e o mais novo cinco. Não era um trabalho oficial, era mais algo como uma ajuda indireta. Todas as sextas feiras ia à casa de uma velha senhora e a ajudava nas suas costuras. Assim, tinha um lucro extra, mas podia continuar cuidando da casa.

Um dia, uma sexta à tarde, Samanta e a senhora estavam a costurar uma linda toalha de mesa para um aniversário, quando entrou uma mulher, aparentando uns 40 anos, com colares e jóias finas, na casa onde trabalhavam. Pedia com urgência uma saia branca. Não explicava o motivo, e exigia que a saia fosse entregue no dia. O pedido normalmente seria recusado, mas como a mulher ofereceu uma generosa quantia pelo trabalho, Samanta e a senhora começaram a fazê-la. Terminariam rapidamente, se não fosse pelas camadas e camadas exigidas. Tinham que copiar o modelo que a mulher havia trazido. Ela não explicava por que queria a saia, que parecia ser de casamento, mas estava tão nervosa, que devia ser para algo importante.

Quando finalmente terminaram, já era noite, mas a saia havia ficado maravilhosa. Exausta, Samanta se despediu da senhora, que lhe deu uma porcentagem do que havia ganhado da mulher. A moça não morava longe, a apenas algumas quadras. Quando estava quase na esquina de sua casa, foi abordada por um estranho sujeito, que lhe pedia ajuda. Bondosa como era, estendeu-lhe a mão, mas quando o fez, o homem empurrou-a contra a parede e apontou-lhe uma arma. Dinheiro, dinheiro! Dizia impaciente. Samanta, nervosamente pegou a quantia que havia acabado de receber. No que o fez, oladrão viu o anel em sua mão, e exigiu que ela lhe desse o tal.

Samanta hesitou, e pediu para ficar com o anel, que levasse todo o dinheiro! Não se importava com isso. Nesses momentos de discussão, o ladrão, que claramente não era profissional, impacientou-se e atirou. Samanta caiu no chão e ele fugiu, levando o dinheiro e o anel.

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