quinta-feira, 21 de junho de 2007

Não sou eu quem escreve. Eu sou a tela.


Eu tenho que escrever dois textos, acabei de descobrir isto, e estou cansado, com bafo e bunda suada, então não phodam minha paciência, ok?

Ontem eu andava com uma sensação super boa, e tudo graças a vocês, meus amigos desconhecidos. Voltei a escrever, e como sempre que volto a escrever, voltei a ler Fernando Pessoa. Este post é para ele.

Faz tempo, ganhei um livro do Pessoa, de aniversário. Para mim, que tenho a porra da obra toda dele numa edição portuguesa em papel bíblia, ao ver o presente repetido, fiz uma cara de cu; um cu feliz, mas ainda assim na materialidade original, um cu.
No entanto, a pessoa que me deu o presente era uma amiga dessas de muito tempo, talvez a primeira de todas, e que tem uma importância imensa na minha vida.

Pois bem, o livro que eu ganhei é muito melhor pra levar no ônibus, uma vez que menor, e, por isso, a verdade é que foi um puta presente foda, que hoje eu levo em baixo ‘da suvaca’ para todos os cantos em que perambulo.

Enfim, enrolei, enrolei, enrolei pra chegar aqui e falar sobre dedicatórias:

Elas são as coisas mais fantásticas que uma pessoa pode ganhar de presente.
Na minha humilde opinião, o presente é a dedicatória, o livro só a acompanha. Levo tanto em consideração a importância da dedicatória, que já levei livros de sebo apenas por causa delas.

Minha imaginação voa quando abro a primeira página do livro e me deparo com elas, fico pensando na pessoa que deu o livro, se estava comendo aquela que ganhou ou se apenas gostava profundamente; se casaram; se tiveram filhos; se hoje estão vivas; se morreram e alguém mercenário vendeu a porra do livro, ou se o livro era, de fato, uma merda, e a pessoa que presenteou, uma mala sem alça que merecia ser esquecida.

Devaneios à parte, já comprei livros muito bons por causa da dedicatória que havia neles, já me fodi várias vezes também, e tive certeza absoluta do grau de chatice da pessoa que presenteou, e até já comprei livros repetitivos, só por causa dos carinhos em letras mal feitas.

A verdade, maniqueisticamente falando, é que a linha de raciocínio para escrever este texto foi: Tenho que escrever para que legal zine ---> felicidade por voltar a escrever ---> felicidade por voltar a ler Pessoa ---> dedicatória do livro do Pessoa ---> dedicatórias ---> a dedicatória que mais gostei até hoje encontrada num sebo chulé do centro do rio, que segue:
“Para Carla, a menina que sempre me fez sonhar.
Saiba que as estrelas continuarão a brilhar no céu, apesar de tudo...
Elas sempre estarão lá, nada mudou, nada nunca muda.
Sérgio 13.05.72”

(Encontrado numa edição em sépia de “Olhai os Lírios do Campo”, do Érico Veríssimo).

Vgekdeguiko é uma pessoa que, no momento, fede, e, por isso, foi tomar um banhinho pensando quão fantástico deve ser ganhar uma dedicatória do Pessoa.

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